O Brasil atingiu a marca de 14,9 mil transplantes no primeiro semestre de 2025, segundo o Ministério da Saúde. Apesar de ser o maior resultado da série histórica, o tema precisa ser melhor difundido para ampliar as esperanças de mais de 80 mil pessoas que aguardam por um transplante em nosso país.
Para sensibilizar sobre o assunto, compartilhamos esta matéria.
Seja um doador de órgãos
Um único doador pode salvar cerca de oito vidas. Mas, infelizmente, a cada 14 pessoas que podem doar, pelo menos 4 se tornam doadoras de verdade.
Podem ser doados os órgãos coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, além de medula óssea, tecidos como a córnea, pele, ossos e valvas cardíacas.
Para ser um potencial doador basta comunicar à família o desejo de doação.
Um exemplo além das estatísticas
A colaboradora do Hospital Madre Teresa Vanuza Gonçalves conhece de perto essa realidade. Seu filho Rafael foi salvo pela doação. “Tudo começou com uma dor nas pernas. Pensamos que fosse algo simples, ele foi avaliado por médicos do Hospital Madre Teresa e de outra unidade de saúde e descobrimos que tinha distrofia muscular de Becker, uma condição genética. Por dez anos, enfrentamos essa síndrome. E em setembro do ano passado, um novo sintoma acendeu o alerta: dor no peito. O coração de Rafael estava comprometido e precisava de um transplante”, relembra.
De setembro a janeiro, foram várias internações em diferentes hospitais. Ele ficou extremamente debilitado, foi colocado em um balão intra-aórtico e não podia levantar da cama. “No dia 17 de janeiro, recebi a ligação do MG Transplantes dizendo que encontraram um coração compatível. Rafael era prioridade na fila pela gravidade do quadro. Era a resposta que eu pedi a Deus. Ele ficou internado por um mês e, desde então, tem tido uma recuperação surpreendente. Voltou a trabalhar e o novo coração está saudável. Recentemente, renovei minha identidade e fiz questão de me declarar doadora de órgãos. Eu sou uma mãe feliz porque meu filho está vivo, porque alguém disse o SIM para salvá-lo”, diz.
CIHDOTT do Hospital Madre Teresa
A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Hospital é formada por uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais da saúde. Sua missão é organizar, acompanhar e humanizar todas as etapas que envolvem a doação de órgãos e tecidos.
O papel da comissão começa com a identificação ativa de pacientes internados com critérios clínicos compatíveis com a morte encefálica, condição fundamental para a possibilidade de doação. A partir desse momento, a CIHDOTT atua garantindo que o diagnóstico de morte encefálica seja feito de maneira ética, técnica e em conformidade com os protocolos e a legislação vigente.
“A CIHDOTT atua como um elo fundamental entre a assistência e o processo de doação de órgãos. Na rotina da UTI, nosso papel envolve a identificação precoce de potenciais doadores, o suporte clínico adequado, a vigilância ativa dos critérios de morte encefálica e o acolhimento humanizado às famílias. Esse trabalho impacta diretamente os pacientes e seus entes, pois promove dignidade no fim da vida, respeito à autonomia e à decisão familiar, além de permitir que a solidariedade se transforme em esperança para outras vidas”, explica Amanda Dias, enfermeira intensivista da CIHDOTT.
Além disso, a comissão é responsável pela organização dos processos e rotinas internas que envolvem a doação, como a avaliação clínica, os exames complementares e a comunicação com a Central Estadual de Transplantes. Outro aspecto essencial do trabalho da CIHDOTT é o acolhimento às famílias dos potenciais doadores. Em um momento de extrema dor e fragilidade emocional, a equipe oferece suporte, escuta qualificada e informações claras, respeitando o tempo e as decisões de cada família.
“Essas conversas são conduzidas com muita empatia, cuidado e escuta ativa. Antes de qualquer abordagem sobre doação, garantimos que a família compreenda plenamente o diagnóstico de morte encefálica. Após esse entendimento, a equipe multiprofissional – incluindo psicólogos, enfermeiros e membros da CIHDOTT – realiza um acolhimento individualizado, respeitando o tempo e as crenças da família. Nosso foco é oferecer apoio, esclarecer dúvidas e permitir que a decisão seja feita com serenidade”, afirma Amanda.
A identificação de um potencial doador e a condução do processo não são tarefas simples. Enfrentar desafios como a manutenção clínica adequada e a superação de mitos sobre doação exige preparo e sensibilidade.
“Reconhecer o potencial doador no momento certo, assegurar a manutenção clínica adequada até a doação e, acima de tudo, conduzir a comunicação com a família são etapas delicadas que exigem preparo, empatia e tempo. Outro ponto importante é a superação de mitos e desinformações que ainda existem sobre o processo de doação”, completa Amanda.
O diagnóstico de morte encefálica é realizado com máxima responsabilidade. “O Hospital Madre Teresa segue rigorosamente a legislação brasileira e as diretrizes do Conselho Federal de Medicina. O protocolo é conduzido por dois médicos diferentes, com a realização de exames clínicos e complementares. Todo o processo é documentado em prontuário com transparência, ética e, sobretudo, cada etapa é comunicada à família de forma clara e respeitosa, garantindo compreensão e segurança ao longo de todo o procedimento.”
O cuidado humanizado faz parte do compromisso do Hospital Madre Teresa com a ética e o respeito à vida. E, para além do momento da doação, a CIHDOTT também tem papel educativo dentro da instituição com a promoção de treinamentos, jornadas científicas e eventos sobre morte encefálica, abordagem familiar e manutenção do potencial doador.
A integração entre os setores também é um dos pilares para o sucesso do programa de doação de órgãos. “A UTI é o ambiente onde o potencial doador está, portanto, a sensibilidade da equipe intensivista em reconhecer e sinalizar esses casos é o primeiro passo. Quando há comunicação efetiva, protocolos claros e um olhar humanizado, o processo flui com mais segurança e agilidade. O sucesso dos transplantes começa na identificação e se consolida com a atuação conjunta e comprometida de todos os envolvidos”, afirma Amanda.
A doação de órgãos é um gesto de amor que transcende a dor. Cada doador é um herói silencioso – e nós honramos essa missão com respeito, ética e gratidão.
Saiba mais sobre doação de órgãos: https://www.gov.br/saude/pt-br/campanhas-da-saude/2024/doacao-de-orgaos