O Hospital Madre Teresa – HMT realizou, no último mês, mais um procedimento cirúrgico de ponta denominado Deep Brain Stimulation ou Estimulação Cerebral Profunda. A mesma técnica foi realizada com pioneirismo, em 2004, no Estado de Minas Gerais, pela mesma equipe do Hospital Madre Teresa composta por: neurologista especialista em distúrbio de movimentos, neurocirurgião funcional e neurofisiologista.

A cirurgia consiste no implante de eletrodos que visam modificar, por meio de estímulos elétricos, o funcionamento de núcleos cerebrais envolvidos na modulação dos movimentos. A melhor indicação para esse procedimento são os pacientes que tiveram uma boa reposta inicial ao tratamento medicamentoso e que, por algum motivo, começam a apresentar diminuição do tempo de efeito da medicação e efeitos colaterais devido ao aumento dessa.

O procedimento é dividido em três etapas. A primeira consiste em fixar o chamado aparelho estereotáxico na cabeça do paciente e realizar uma tomografia computadorizada. Em seguida, é realizado o planejamento da trajetória precisa do eletrodo a ser implantado, utilizando um software que trabalha com a fusão de imagens dessa tomografia recém-adquirida e de ressonância previamente realizada.

A segunda etapa é realizada no bloco cirúrgico com o paciente acordado sob anestesia local e sedação leve. “É necessário que o paciente esteja acordado, uma vez que ele irá interagir com o cirurgião durante todo o processo respondendo aos estímulos gerados, até que se obtenha melhora dos sintomas da doença de Parkinson, na maioria das vezes tremor, rigidez e lentificação dos movimentos. Esse resultado comprovará que os eletrodos foram posicionados de forma correta”, explica o neurocirurgião funcional, Dr. Gilberto de Almeida Fonseca.

Na terceira etapa, já com o paciente sob anestesia geral, os eletrodos são direcionados até a região da clavícula, por via subcutânea, ou seja, debaixo da pele. Esses eletrodos são conectados a um gerador de estímulos com bateria (similar ao do marcapasso utilizado no coração) – que funcionará gerando impulsos elétricos até os núcleos cerebrais envolvidos.

É necessário informar que o procedimento cirúrgico é reversível, não lesionando as estruturas cerebrais. “ A recuperação é rápida e o paciente pode ir para a casa em até dois dias. Os resultados são percebidos já no pós-operatório imediato. O objetivo do tratamento é a melhoria da qualidade de vida”, explica.

Entenda a doença

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 4 milhões de pessoas no mundo convivem com a Doença de Parkinson, o que representa 1% da população mundial a partir dos 65 anos e 6% a partir dos 85 anos. De acordo com os especialistas, esse número pode dobrar até 2040, já que a expectativa de vida e o envelhecimento da população aumentaram.

A doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central em que uma população de neurônios produtores de dopamina começa a sofrer falhas, gerando os sintomas da doença. O Parkinson possui diagnóstico clinico, ou seja, não existe um exame especifico que irá mostrar que a pessoa possui a doença. O que vai indicar a doença é a avaliação e acompanhamento com o neurologista clínico. “A doença de Parkinson costuma ser de difícil diagnostico e é raro que se obtenha antes de 2 ou 3 anos de evolução da doença”, comenta o neurocirurgião.

Ainda de acordo com o médico, a patologia apresenta 3 sintomas motores, que são os mais percebidos, sendo eles: tremor de repouso, rigidez e lentidão de movimentos. Existem também outros sintomas chamados não motores, que são até mais difíceis de perceber, uma vez que podem acontecer em várias outras patologias, podendo o paciente apresentar dificuldade de sentir o cheiro (anosmia), irritabilidade, distúrbio de sono e distúrbio do transito intestinal.

“Sem dúvidas, estamos diante de um avanço que, embora realizado deste 2004 no nosso meio, ainda não é amplamente conhecido. Essa cirurgia proporciona inúmeros benefícios ao paciente, sendo o mais importante a promoção da qualidade de vida”, finaliza o Dr. Gilberto de Almeida Fonseca.